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Método Miyawaki, Agricultura Sintrópica e a Biggest Mini Forest

Atualizado: 24 de jul.

A nossa abordagem utiliza alguns princípios do método Miyawaki e outros da agricultura sintrópica, focada na criação de sistemas agroflorestais. Neste artigo, queremos apresentar-te ambos os métodos e partilhar alguns dos aspetos adotámos de cada um deles.



Método Miyawaki


A floresta Miyawaki no local de Barapullah cobre 750 metros quadrados e conta com 2.278 árvores de 44 espécies nativas. Crédito da foto: Afforestt.
A floresta Miyawaki no local de Barapullah cobre 750 metros quadrados e conta com 2.278 árvores de 44 espécies nativas. Crédito da foto: Afforestt.

O Método Miyawaki é uma técnica de reflorestação desenvolvida pelo botânico japonês Dr. Akira Miyawaki. Tem como objetivo criar florestas densas e nativas num curto espaço de tempo, promovendo a biodiversidade e benefícios ambientais. É especialmente focado na recuperação de terras e ecossistemas degradados.


O Método Miyawaki é uma técnica de reflorestação concebida para estabelecer rapidamente florestas nativas num curto espaço de tempo. Esta abordagem envolve um planeamento meticuloso, plantação densa e a inclusão de espécies vegetais diversas de diferentes estratos florestais, com o objetivo de imitar a estrutura e a biodiversidade das florestas naturais. Ao contrário da reflorestação tradicional, este método dá prioridade ao crescimento de árvores nativas, arbustos e outras plantas, promovendo a biodiversidade e a resiliência ecológica.


Os princípios fundamentais do Método Miyawaki incluem uma preparação rigorosa do solo, garantindo condições ideais para o crescimento das plantas, e um plantio de alta densidade com pelo menos três espécies por metro quadrado. A seleção das espécies vegetais concentra-se em espécies autóctones, específicas do ecossistema local, promovendo a adaptação e a resiliência. O método incentiva a aleatoriedade na plantação, permitindo que a natureza dite o desenvolvimento do ecossistema. Uma vez estabelecida, a floresta Miyawaki é projetada para ser autossustentável, exigindo um mínimo de insumos externos. O método visa criar ecossistemas vibrantes e multicamadas semelhantes às florestas naturais, contribuindo para a conservação ambiental e a mitigação das alterações climáticas. Os resultados de uma floresta Miyawaki incluem vários benefícios ecológicos, como maior biodiversidade, melhoria da saúde do solo e sequestro de carbono. Embora não se concentre principalmente na produção de alimentos, o Método Miyawaki desempenha um papel crucial na restauração do ecossistema, proporcionando benefícios a longo prazo tanto para a natureza como para as comunidades.



Agricultura Sintrópica e Agrofloresta


Sistema agroflorestal na Fazenda Mata do Lobo, Brazil.
Sistema agroflorestal na Fazenda Mata do Lobo, Brazil.

A Agricultura Sintrópica, desenvolvida por Ernst Götsch, é uma abordagem revolucionária à agrofloresta que visa criar um ecossistema altamente produtivo e autossustentável, imitando a sucessão natural. Desenvolvido com um planeamento meticuloso, este método envolve a plantação de diferentes espécies organizadas em linhas, combinando estrategicamente elementos de várias camadas florestais, cada uma com requisitos específicos de luz solar. O projeto considera fatores como a vida útil de cada espécie, as necessidades de luz solar, os padrões de rebrota após a poda e o tamanho das plantas ao longo do tempo.


A plantação inclui uma variedade de espécies, desde «placenta» (espécies de crescimento rápido e vida curta) até arbustos, vegetação rasteira e árvores de copa, cuidadosamente selecionadas com base nas suas categorias de vida útil (espécie placenta, secundárias e clímax). As espécies «placenta» desempenham um papel crucial no estabelecimento de condições ideais para o crescimento de espécies mais exigentes. As linhas de plantio são orquestradas para garantir que cada planta receba a luz solar necessária, promovendo um ambiente equilibrado e produtivo.


A agricultura sintrópica foi concebida para ser um método versátil e orientado para a produção, que elimina a necessidade de fertilizantes externos. Oferece uma variedade de produtos, incluindo frutas, bagas, vegetais, madeira e fibras. Ao utilizar princípios derivados dos ecossistemas naturais, a agricultura sintrópica torna-se uma prática resiliente e regenerativa, contribuindo não só para a produção sustentável de alimentos, mas também para a restauração e enriquecimento do ambiente em geral.



Minifloresta Comestível 1 mês após a implementação no projeto Sintropia Temperada
Minifloresta Comestível 1 mês após a implementação no projeto Sintropia Temperada

Iremos agora ver como Método Miyawaki e a Agricultura Sintrópica se relacionam ou diferem da abordagem das Miniflorestas Comestíveis, seguindo o método da Biggest Mini Forest (Método BMF):



Preparação do Solo


Miyawaki: Criação de solo rico em nutrientes com uma mistura de diferentes fontes de matéria orgânica e de microorganismos para apoiar o rápido crescimento das plantas. A preparação inicial do solo requer a descompactação do solo até um metro de profundidade, com grande quantidade de materiais orgânicos (composto, estrume bem curtido ou outros materiais orgânicos).


Syntropic: A plantação é geralmente organizada em linhas e utiliza técnicas para melhorar a estrutura do solo, promovendo a fertilidade natural e a atividade microbiana. Normalmente, não é realizada nenhuma descompactação profunda.


Método BMF: Seguimos a mesma preparação do solo do Método Miyawaki. Em vez de linhas, trabalhamos em blocos de 3 m x 3 m, com uma área central de 4 m² (2 m x 2 m) para as plantas perenes, mais 0,5 m ao redor para as plantas anuais. A preparação do solo concentra-se em melhorar a fertilidade do solo, o que envolve uma descompactação inicial entre 0,5 m e 1 m de profundidade em toda a área para estimular o crescimento das raízes, o desenvolvimento de microrganismos e a retenção de água. No entanto, encorajamos qualquer pessoa a criar a sua Minifloresta, mesmo que não consiga atingir a profundidade desejada.


Preparação do solo para uma Minifloresta Comestível
Preparação do solo para uma Minifloresta Comestível

Seleção de Espécies


Miyawaki: Este método concentra-se na utilização exclusiva de espécies autóctones bem adaptadas ao ambiente local, promovendo a biodiversidade, mas a seleção das espécies não tem como objetivo direto a produção de alimentos.



Syntropic: Enfatiza uma mistura de espécies anuais e perenes, juntas na mesma linha de plantação com culturas de cobertura de solo e plantas de produção de biomassa entre as linhas. Isso inclui espécies indígenas, exóticas e de produção alimentar de diferentes partes do mundo que se podem adaptar bem e que, combinadas num projeto agroflorestal, ajudam o sistema a se desenvolver. O objetivo é criar um sistema dinâmico, com produção constante de matéria orgânica e produção desde do primeiro mês e que se expande por muitos anos.



Método BMF: Devido às alterações climáticas e à degradação do solo, algumas das espécies autóctones, em certas áreas, não prosperam como antes. Por isso, não nos concentramos apenas na utilização de espécies indígenas, como faz Miyawaki. Utilizamos aquelas que funcionam melhor nas condições climáticas que temos hoje em dia, aquelas que nos podem fornecer alimentos e que podem criar mais rapidamente um ecossistema resiliente e biodiverso, trazendo de volta as condições de que as espécies autóctones precisam para prosperar novamente.

Em vez de misturar as espécies perenes com as anuais, como na agricultura sintrópica, nós mantemos-las separadas. Espécies usadas para cobertura de solo e adubação verde, como lentilhas ou favas, podem ser adicionadas à área das espécies perenes para fixar azoto e reduzir a germinação de plantas espontâneas. Quando as espécies anuais crescem ao redor das espécies perenes, elas criam um microclima e uma proteção contra o sol, o vento e o calor e o frio para as espécies perenes, o que pode ser benéfico para todo o sistema. Outra vantagem de as manter separadas é que podemos ter menos trabalho de manutenção.


Seleção de espécies para uma Minifloresta Comestível, em Traditional Dream Factory, Alentejo, Portugal.
Seleção de espécies para uma Minifloresta Comestível, em Traditional Dream Factory, Alentejo, Portugal.

Uma Seleção de Plantas Biodiversas


Miyawaki: Pelo menos 3 tipos de espécies de plantas autóctones que correspondem a 3 camadas florestais: copa, sub-bosque e arbustos.


Syntropic: Promove a biodiversidade através de uma ampla seleção de plantas, de diferentes camadas florestais e necessidades de exposição à luz solar, incluindo plantas autóctones e exóticas de diferentes partes do mundo.


Método BMF: Tal como no método Miyawaki, também tentamos ter pelo menos três camadas florestais diferentes, de uma forma ligeiramente diferente: camada de copa, camada de sub-bosque, camada baixa (arbustos, herbáceas, rizosfera e camadas de cobertura do solo). Nestas camadas, tentamos introduzir um número mais diversificado de espécies das camadas baixas da floresta.



Plantação em Alta Densidade:


Miyawaki: Plantar uma variedade de espécies nativas muito próximas umas das outras, criando uma floresta densa e com várias camadas. Pelo menos 3 por metro quadrado, o que significa uma árvore a cada 60 cm. Pode chegar a 12 espécies por metro quadrado. Desta forma elas competem pela luz, o que promove um crescimento rápido.


Syntropic: Dependendo do projeto agroflorestal, pode-se usar uma abordagem de plantação muito denso, nas linhas de implementação. Pode-se chegar até uma planta a cada 5 cm. Em muitos casos, também se usa sementes e estacas para aumentar a densidade e a biodiversidade do sistema. Na agricultura sintrópica, o sistema é projetado sempre com foco na cooperação entre as diferentes plantas.


Método BMF: Seguimos uma abordagem de densidade de plantas semelhante à agricultura sintrópica e gostamos de considerar o ponto de vista colaborativo, pois diferentes espécies de várias camadas florestais criam as melhores condições umas para as outras em termos de sombra/luz, proteção contra o vento e fornecimento de mais exsudatos (açúcares) para a microbiologia do solo - tudo isso promove o rápido crescimento do sistema.

Se todas as estacas e sementes se desenvolverem, pode-se transplantar algumas delas para a sua próxima Minifloresta Comestível. Além disso, pode fazer "chop and drop" sempre que o sistema ficar muito denso para alimentar o solo com materiais orgânicos, promover a ciclagem de nutrientes, aumentar a entrada de luz no sistema e priorizar as espécies que desejamos promover ainda mais, acelerando assim o desenvolvimento geral da Minifloresta Comestível.



Número de Espécies: 


Miyawaki: De acordo com Miyawaki, 30 espécies é o número mínimo necessário para atingir um bom nível de biodiversidade e resiliência numa minifloresta.


Syntropic: Não existe uma regra definida para o número mínimo ou máximo de espécies que devem ser utilizadas. Defende-se apenas que quanto maior for o número de espécies, maior será a biodiversidade e a resiliência, mas também maior será a complexidade e a dificuldade de gestão.


Método BMF: 3 espécies por m² é o mínimo que usamos, o que dá um total mínimo de 12 espécies numa Minifloresta. No entanto, recomendamos que se use mais para diversificar as espécies em diferentes parcelas de 3 m x 3 m, a fim de aumentar a resiliência do sistema. Não nos podemos esquecer de usar pelo menos 2 espécies comestíveis por metro quadrado, a fim de criar a soberania alimentar que queremos alcançar com este modelo.



Tamanho da Plantação:


Miyawaki: 12 m² (4 m x 3 m) é o tamanho mínimo recomendado por Miyawaki para se ter um sistema mais resiliente e biodiverso.


Syntropic: Não há um tamanho mínimo definido, mas existem implementações de agricultura sintrópica que variam de apenas alguns metros quadrados a várias centenas de hectares.


Método BMF: Seguimos o nosso modelo de 9 m² (3 m x 3 m), com uma área central de 4 m² (2 m x 2 m) para as espécies perenes e uma faixa de 50 cm ao redor para o que chamamos de Parede de Vegetais. Isso significa que, depois de colher todas as plantas anuais, deixamos para trás 4 m² de floresta. A área implementada pode e deve ser ampliada, criando um sistema mais resiliente e biodiverso a cada novo 9 m² implementado ao lado dela.



4 Parcelas de Miniflorestas Comestíveis de 9m² cada
4 Parcelas de Miniflorestas Comestíveis de 9m² cada

Desenho da Plantação:


Miyawaki: Miyawaki recomenda plantar pelo menos 30 espécies diferentes de 3 camadas florestais aleatoriamente e deixar a natureza decidir o que acontece no sistema.


Syntropic: Utiliza uma abordagem de desenho agroflorestal que imita a sucessão florestal natural, na qual espécies comestíveis são plantadas juntamente com espécies não comestíveis. Requer um desenho meticuloso, considerando fatores como o tempo de vida de cada espécie, necessidades de luz solar, padrões de rebrota após a poda e o tamanho das plantas ao longo do tempo. A seleção de plantas abrange o que é denominado «placenta» — espécies de crescimento rápido e vida curta, juntamente com arbustos, vegetação rasteira e árvores de copa, de diferentes categorias, dependendo da sua vida útil (espécies secundárias e clímax).


Método BMF: A posição de cada planta no bloco da Minifloresta é pensada tendo em consideração a acessibilidade para a colheita dos frutos, a manutenção e a poda, as necessidades de exposição solar, o vento e a tolerância ao frio e ao calor das plantas que utilizamos. Isto significa que as plantas que não toleram sombra, como o tomilho ou o orégão, serão colocadas na parte sul ou sudoeste da Minifloresta. A papaia, que é mais sensível ao vento e ao frio, será colocada no meio. Uma laranjeira, que gosta de receber mais sol pela manhã, será colocada no lado leste ou sudeste da Minifloresta, no caso de ser plantada no hemisfério norte.



Manutenção:


Miyawaki: O método Miyawaki defende que devemos permitir que os processos naturais assumam o controlo após o plantio inicial, promovendo um ecossistema autossustentável, sem qualquer intervenção, exceto irrigação e remoção de ervas e plantas espontâneas, até que a floresta esteja bem estabelecida, o que pode ocorrer durante os primeiros 2 a 3 anos.


Syntropic: A manutenção de um sistema de Agricultura Sintrópica pode incluir a colheita de plantas e frutos, poda cíclica em que toda a biomassa cortada é utilizada para alimentar o solo através de "chop and drop" no local, ou após trituração, incentivando a ciclagem de nutrientes, a retenção de água e uma maior exposição solar das camadas inferiores do sistema, aumentando a fotossíntese global. Também se faz «capina seletiva», removendo plantas que cumpriram a sua função no sistema. De acordo com o projeto e as condições climáticas e do solo, a irrigação pode ser aplicada ou não.


Método BMF: Tal como no Método Miyawaki, seguimos a mesma abordagem em termos de remoção de ervas daninhas e irrigação até que a floresta esteja bem estabelecida e resiliente, mas também fazemos "chop and drop" para acelerar todo o processo de construção do solo, criando um sistema resiliente e direcionando o sistema, dando prioridade às espécies que queremos manter nele a médio e longo prazo. A remoção seletiva de ervas e plantas espontâneas também é algo que pode ser realizado, removendo as espécies que cumpriram a sua função.



Manutenção de um sistema agroflorestal no Algarve, Portugal.
Manutenção de um sistema agroflorestal no Algarve, Portugal.

Palavras-chave: Método Miyawaki, Agricultura Sintrópica, Agrofloresta, Florestação, Espécies Nativas, Floresta Densa, Floresta de Crescimento Rápido, Floresta Diversificada, Agricultura Regenerativa, Ecossistemas Naturais, Biodiversidade, Saúde do Solo, Sequestro de Carbono, Terras Degradadas, Alterações Climáticas.




REFERÊNCIAS

O Método Miyawaki surgiu na década de 70 e é amplamente testado e documentado. Aqui está uma lista de links com mais informação sobre este método:



A Agricultura Sintrópica é mais recente, mas tem sido praticada em pequena e grande escala em muitos países diferentes. Aqui se podem encontrar mais referências sobre esta técnica de agricultura regenerativa:


 
 
 

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